segunda-feira, setembro 26, 2005

MUSICA DIGITAL DE ALTA RESOLUÇÃO



NOVOS FORMATOS DIGITAIS PARA MÚSICA COM ALTA RESOLUÇÃO


Este artigo destina-se a esclarecer, na medida do possível, o cidadão menos atento às mudanças tecnológicas no nosso universo digital.
Um universo ainda muito imperfeito, mas que vai, pouco a pouco, ganhando terreno, mercê do baixo custo (em comparação com os custos das aparelhagens analógicas tradicionais de alta qualidade).
Isto pretende apenas prestar esclarecimentos mais ou menos razoáveis, sem querer dar um curso intensivo sobre tratamento de som ou edição de som digital. Mas vai com certeza ajudar as pessoas a perceber como se chamam os bois e a fazer escolhas com algum conhecimento de causa.


Para que nos entendamos, aqui vai uma explicação das abreviaturas usadas:

CD - Compact Disc
DVD - Digital Video Disc ( disco de vídeo digital, embora não sirva só para vídeo)
SACD - Super Audio Compact Disc
DAC - Digital to Analog Converter (conversor de digital para analógico)
ADC - Analog to Digital Converter (o inverso do de cima)
Samples - parcelas, ou fatias de música.
bit - dígito simples (pode ser um 0 ou um 1)
byte - grupo de 8 dígitos (por ex: 01101000, ou 11111110, ou 00011000, etc...)
Kilobyte (Kb) - 1024 bytes
Megabyte (Mb) - 1024 Kb
Gigabyte (Gb ou GB) - 1024 Mb
PCM - Pulse Code Modulation (formato musical sem compressão)
DSD - Direct Stream Digital, ou 1 bit para Sigma-Delta
CDA - formato PCM 44.1Khz a 16bits quando gravado em CD


O formato CDA (áudio CD) é limitada nos seguintes aspectos:

Camadas (layers): 1
Canais: 2 (stéreo)
Frequência de amostragem (Sample rate): 44.100 Hz
Profundidade (Quantization): 16 bits

O que quer isto dizer?


Camadas: cada CD tem apenas uma camada onde podem ser gravados dados.
Toda a gente sabe o que são os canais (um direito e um esquerdo).

A Frequência de amostragem: o som é dividido em pequenos impulsos (neste caso 44.100 impulsos em cada segundo de música). Esses impulsos são também chamados "amostras" (do inglês: "samples"). Estes impulsos representam uma vibração. Todos juntos compõe o som complexo que nós ouvimos (melodia, harmonia, ruído, etc...).
A unidade de medida, como qualquer frequência é o Hertz (por ex. 500 Hz são 500 impulsos por segundo).
A profundidade, em bits, é a quantidade de informação que cada impulso traz consigo, ou seja, a informação da frequência e da amplitude da onda sonora que representa. Quanto mais bits forem usados para definir esse impulso, mais preciso pode ser o som bem como mais complicado ou mais completo. Ou então podemos reservar mais dígitos para definir uma muito maior amplitude, ou ambas as coisas.

Esta forma de representar a música em formato digital chama-se PCM (Pulse Code Modulation).

Estas limitações do CD, tanto causadas pelo formato de tratamento de dados, como pelo suporte físico (o disco e o leitor de CDs) não faz um trabalho muito perfeito porque se consegue notar a diferença entre este processo e o processo analógico em que a música não é dividida em parcelas. O som natural é composto por ondas sonoras contínuas e tantas quantas quisermos ao mesmo tempo.

Então pergunta-se: porque gravamos em digital e não em analógico?
E responde-se: porque é muito muito muito mais barato.

A diferença entre o equipamento de estúdio analógico e digital é um abismo. Junto duas imagens que pecam por defeito (é que no estúdio analógico, atrás da mesa misturadora analógica está um armário cheio de aparelhos que custam uma fortuna).

O estúdio digital puro, tem um bom computador, um bom digitalizador e mais alguns instrumentos acessórios que o analógico também tem de ter. Mas o gravador, mesa misturadora, processadores de efeitos (equalizador, reverb, maximizer, compressor, intensificador de estéreo, chorus, flanger, distorcedor, warmifier, ditter), só para dar uma ideia, e todo o resto da panóplia são software contido no computador.
Só em cabos para ligar o equipamento, o analógico gasta quilómetros de fio de cobre, tubo de borracha e alguns quilos de fichas banhadas a ouro.

Com a invenção do DVD surgiu a possibilidade de armazenar muito mais bits no mesmo disco.

Vejamos:

CD = 44100 amostras por segundo vezes 16 bits cada uma dá 705.600 bits por segundo. Cada Byte são 8 bits, logo 88.200 bytes por segundo em cada canal. Como são dois canais, temos 176.400 bytes por segundo. Como o CD tem 800 Mega Bytes, ou seja, 800*1024 Kbytes, ou seja, 800*1024*1024 = 838.860.800 Bytes, então a dividir pelos 176.400 bytes por segundo, dá 4.755 segundos de música, ou 79 minutos. Como se roubam alguns bits para definir a estrutura do CD, número das faixas, nome, e duração, consegue-se gravar 70min. de música.

Ora acontece que o DVD (single layer) diz que tem 4,7 Gigabytes. Sabemos que isto não é verdade. São apenas 4.700.000.000 bytes, O que dá 4,38 GB na realidade.
Quer isto dizer que num DVD podemos meter pelo menos uns 5,8 CDs. Ou então, gravar a música de 1 CD com 5,8 vezes mais resolução.

Agora se pensarmos que há DVDs dual layer que armazenam 7,95 GB e outros ainda para 15,9 GB (double side, dual layer), as possibilidades aumentam um bocado.



Para dar uma ideia da diferença entre a capacidade DVD-Audio e o CD, junto um quadro de comparações:

Para além desta maior capacidade de armazenamento de dados, o formato de gravação/leitura dos sistemas de DVD, permitem outras coisas:

Multicanal - a possibilidade de ter música de alta resolução em 6 canais diferentes.

Imagem + música - podem ser gravadas imagens ou um filme para aparecer junto com a música. Os aparelhos de DVD-Audio têm capacidade para ler o formato normal de DVD-vídeo.

Multi-formato - para além da música de alta resolução, o disco pode também conter a mesma música em formato PCM-stéreo ou AC3 ou AC97 (para poder ouvir-se num DVD-Vídeo, com ou sem Dolby Surround).

Por exemplo: num DVD single layer, poder-se-ia fazer uma distribuição da sua alta capacidade de armazenamento de dados da seguinte forma:

Num DVD dual layer, pode-se ainda aproveitar para gravar uma coisa em cada camada (layer), aumentando assim a compatibilidade.
As camadas estão sobrepostas no disco (uma por cima da outra) e o laser do leitor tem a possibilidade de focar a camada que for indicada pelo software que se encontra gravado na raíz da primeira camada.

IMPORTANTES CONSIDERAÇÕES:

O formato DVD-Áudio, não deve confundir-se com os actuais formatos disponíveis para sistemas DVD-Vídeo. Os sistemas de multicanal disponíveis nos DVD-Vídeo, contèm faixas de música de baixa resolução, comprimida e codificada para ser compreendida pelo processador AC3 ou AC97 presente nos aparelhos. O Dolby surround 5.1 ou mesmo o THX 7.1 é audio de baixa resolução codificado. A banda de áudio de maior qualidade, presente num DVD-Vídeo, é habitualmente a PCM-estéreo, que pode ter 96KHz/24bits (parecido com o DVD-Audio de 2 canais, mas não igual porque não reflecte aumento de amplitude).

O DVD àudio, devido à maior amplitude que permite, (até 144db) dispara tanta corrente eléctrica para os circuitos do DAC (Digital to Analog Converter) que os vulgares circuitos de 5 volts dos nossos aparelhos de DVD-vídeo, derretem. Os aparelhos de DVD-Áudio, possuem circuitos de 10 volts.

Os amplificadores, colunas, etc, têm de ser adaptados a este aumento de amplitude. Os actuais vão à vida em muito pouco tempo (às vezes em segundos).
Este formato está disponível ao público desde o ano 2000 embora os leitores custem entre os 1.500 e os 4.000 EUROS.


O SUPER AUDIO CD

Chegou agora a hora de falar do SACD (Super Audio Compact Disc).

Este sistema, desenvolvido pela Sony, usa também a alta capacidade dos discos semelhantes ao DVD, mas com uma tecnologia diferente e um formato de leitura/gravação diferente também, chamado DSD (Direct Stream Digital).

Este sistema parece-me ser mais parecido com o formato analógico, logo mais parecido com o natural do que o PCM.
A sua resposta à frequência é semelhante e a sua amplitude é também sensivelmente a mesma do DVD-Audio.
O SACD grava bit a bit (não em impulsos) a uma taxa de 2.824 Megabites por segundo o que dá 64 vezes mais do que a resolução de CD. Dá ainda mais que a resolução DVD-Áudio, embora seja questionado se isso é perceptível ao ouvido humano.
A gravação em DSD (também chamada 1 bit para sigma delta) elimina defeitos causados pelo corte da música em impulsos e sua quantização (como acontece no PCM), mas estudos independentes indicam que também sofre de alguns defeitos inerentes ao seu tratamento e manuseamento, nomeadamente falta de linearidade e ruído de alta frequência.

Acontece que, muitas vezes, é preciso passar a gravação para PCM para conseguir editá-la (quando assim acontece, lá se vão as vantagens do DSD).
O SACD tem também uma interessante característica: possui 3 camadas (layers):
A primeira camada, à superfície, é um CD normal de 700MB, para poder ser lida pelo aparelho normal de CD, por ex. o CD do carro.
As outras duas são DVD layers que contêm a gravação da música em formato DSD de alta resolução e eventualmente imagens acessórias, menus, etc...


Já que estamos a falar de discos de DVD, cabe aqui talvez denunciar um mal-entendido:

Como sabemos, os computadores trabalham em sistema hexadecimal, em vez do decimal a que estamos habituados. Daí as coisas aparecerem em multiplos de 16 em vez de múltiplos de 10.
1 Kilobyte não são 1.000 bytes, mas sim 1.024 bytes, ou seja, 64x16 bytes.
Os fabricantes de DVD resolveram aproveitar esta idiossincrasia de linguagem em seu favor e, em vez de considerarem múltiplos de 16, contam em multiplos de 10 (sistema decimal). Isso é incorrecto em termos informáticos, mas correcto em português, inglês, frances, etc...
Para melhor explicar a capacidade dos vários tipos de DVD, fiz um quadrozinho explicativo.

Esta coisa dos bits e Bytes não tem ciência nenhuma. É aritmética pura da 4ª classe. Os iniciados na matéria é que usam linguagens complicadas para que as pessoas comuns não percebam e fiquem a pensar que aquilo é tudo muito complicado e que os tipos são uma espécie de druidas milagreiros.


sábado, setembro 10, 2005

Importância da letra nas obras musicais

Este tema foi colocado pelo meu amigo Guilherme Almeida.


Muitas vezes dou por mim a ouvir muita malta jovem, tipo karaoke ao mesmo tempo que se faz ouvir a musica a debitar as palavras dessas mesmas musicas, sendo que a maioria são em inglês. Pergunto? Será que esses jovens na sua maioria sabem o significado dessas palavras? Será que têm o conhecimento do inglês suficiente para sabeream a tradução dessas palavras? Sinceramente acho que não.
Por outro lado também somos confrontados sobreudo na world music por imensa musica oriunda de países de cuja lingua nada entendemos, vidê Africa, Grécia, China, Mongólia, Polónia, etc. Afinal que importância damos às letras dos temas? nenhuma! Porque não as percebemos.
Assim à musica em si ascende a um patamar superior no meu entender. O som melódico, o encadeamento e o som produzido são o alvo do nosso ( ou não) contentamento e satisfação pelo que ouvimos.
No caso da nossa musica, aí sim o poema, os versos, as palavras podem ter maior significado. Mas acontece aqui muitas vezes o oposto, o dar-se mais valor e atenção às palavras e descurar-se na construção da musica. Quantos belos poemas levam em cima musica paupérrima?
Acho que as boas palavras merecem musica sempre de qualidade. No meu caso dou muito mas muito mais valor à musica em si, doq ue à qualidade das palavras. Se quiser ler boas palavras e grandes textos compro um livro. Mas quando compro um cd quero é ouvir boa musica. Que dizem os caros leitores deste site? O Debate stá aberto!.

quinta-feira, agosto 04, 2005

O Som na Música Tradicional Portuguesa

Aqui dá-se a conhecer parte da experiência pessoal do Avô Mokka e as ideias que lhe passaram sob a lustrosa careca, acerca do sensível tema do som dos nossos espectáculos de música tradicional. As opiniões são minhas e são discutíveis, como é evidente.

Vejamos:

As aprelhagens que temos visto, são de boa qualidade, mas aptas a grupos que tocam com baixos eléctricos e baterias com bombos de fibra. Grupos de música de baile, de rock ou de pimba. Esses grupos usam instrumentos com som muito equilibrado, muitas vezes tratado electronicamente e em que os baixos são fortes (quanto mais forte melhor), a batida é seca, os bombos são abafados para manter a batida forte e seca. Os médios são dados por instrumentos electrónicos (pianos eléctricos e sintetizadores MIDI), por acordeões (um som comprimido por natureza, tal como quase todos os instrumentos de palhetas), ou por guitarras eléctricas. Os agudos não são muito diferentes dos nossos.
Pega-se nesta combinação e dá-se-lhe muita reverberação, para dar ilusão de ressonância e depois comprime-se o som. Esta coisa da compressão tem muito que se lhe diga e tem tudo a ver com o problema presente.
O som comprimido quer dizer que todos os harmónios de baixo volume que vinham misturados na música são aumentados e, em contrapartida usa-se um limitador para reduzir os harmónios que vêm muito altos.
Este tratamento, quando usado com força, como acontece na música de baile, de rock ou pimba, torna o som muito fácil de tratar pelos amplificadores e colunas. Não provoca distorções, torna todo o som muito igual em volume, toca tudo muito mais alto e faz com que as pancadas dos baixos sejam ainda mais secas e fortes. No extremo desta linha está a música das discotecas.
Para esse tipo de som funcionar bem, usam-se grandes altifalantes, com grandes caixas de ressonância, para amplificar graves e sub-graves, previamente separados do resto do som por aparelhos chamados cross-overs.
Na música tradicional, temos uma carrada de instrumentos acústicos, alguns deles com grandes caixas de ressonância (Braguesas, Campaniças, Violões e Violas-baixo acústicas) com uma gama de harmónios que vai dos 20Hz aos 2KHz. Cortar som acima dos 100Hz é um crime porque arruina a sonoridade tradicional e o volume destes harmónios é muito elevado em quase todos os arranjos de música tradicional.
Quando este som chega aos amplificadores e colunas destas aparelhagens (vulgo PA) é uma destruição. Os graves derretem tudo. Muitos técnicos não conseguem fazer som porque não percebem o problema. Outros conseguem resolver parte do problema (como em Resende), mas o som fica muito mau, é tudo baixos com ressonâncias exageradas, uma mistura de música tradicional com som de Rock, mas com os sons todos embrulhados uns nos outros.
Nos Trovas à Tôa, isto ia dando com o JP em maluco, uma ocasião em que a mesa de fora não conseguia levantar o botão do volume apesar de estar a receber som da nossa mesa apenas no mínimo (-12Dbs).
Tivemos de pedir ao técnico de fora para desistir e fui eu para mesa deles. Tive de baixar o volume de graves até 1/4 na mesa e mandar diminuir no amplificador de graves 50% relativamente aos outros. Mesmo assim ainda foi preciso ir ao equalizador e baixar as frequências de graves e desistir de qualquer compressão.
Este paleógrafo (parece técnico, mas não é) serve apenas para deixar entrever a dificuldade que muitos grupos devem ter em contornar o problema. Acredito que a maioria dos grupos do nível dos Trovas, caia no erro de adaptar o seu som natural, brilhante e alegre, com toda a música muito bem definida (tal como se espera que seja a música tradicional) e acabe por ficar com um som sobrecarregado de graves, batidas fortes, alguns instrumentos eléctricos (o baixo é o primeiro) e com som dos instrumentos acústicos todo embrulhado e a sofrer de um fenómeno chamado "Interrupção Acústica" que dá cabo do som.
Em resumo:
1- Muitas vezes, não é o som do grupo que se ouve, mas sim o som que o PA transformou.
2- Para conseguir tocar em aparelhagens alugadas, os grupos modificam o som indevidamente.
3- Isto não é defeito dos técnicos porque não há quem dê formação direccionada para tratamento de som de instrumentos acústicos. Os técnicos que sabem são uma elite que leva uma pipa de massa aos estúdios para quem fazem serviço.
Isto não devia ser um problema para grupos do nível do Maio Moço, A Ronda dos Quatro Caminhos ou da Brigada Victor Jara, por exemplo que tem conhecimentos e equipamentos muito melhores que os meus para resolver o problema, mas (não querendo desvirtuar o grupo) notei um pouco deste defeito na Ronda há dois anos atrás e já tive notícias de que continua a notar-se. Em grupos do nível dos Trovas à Tôa (100% amadores de baixo custo), isto pode ter um efeito bastante nefasto, principalmente se não conseguirem reconhecer o problema.

O ideal seria usar mais colunas, menos colunas de graves, usar uma amplificação neutra (em que o volume de som de graves médios e agudos seja o mesmo a zero Dbs). No fundo, parecido com os monitores de estúdio apenas com mais força. Isto é normalmente mais barato e permite investir na qualidade dos altifalantes e com qualidade digo Brilho, Resolução, Definição e Verdadeira Profundidade de som.

Sempre que não seja possível, cabe aos grupos terem o cuidado de se lembrarem que o equipamento serve para melhorar o som. Não é a música que tem de se adaptar ao equipamento. Antes de fazer o som, temos de obrigar o equipamento a reproduzir o som como se ele (equipamento) lá não estivesse, nem que tenham de cortar frequências até pontos inacreditáveis (é para isso que há botões que chegam ao "desligado"). Só depois disso é que se pode começar a compor o som e a dar a "ambiência" desejada. Os erros neste ponto saem sempre muito caros.


Isto é apenas o conselho de um tolo que se vai desenrascando. Deve haver soluções melhores e gostaria que mas dessem a conhecer.


ass. Avô Mokka (http://estudiosmokka.pt.vu)
www.trovas-a-toa.pt.vu
www.menestreis.pt.vu

quinta-feira, julho 28, 2005

Musica da Madeira

ENCONTROS DA EIRA.

Quando estive pela Madeira em funções musicais, a convite do Grupo Folclórico do Caniçal, apercebi-me de que a grande maioria dos grupos folclóricos da Madeira são muito parecidos com os do Território continental.
Quer dizer: o cuidado com que tratam a música é pouco, muitas vezes é muito pouco.
Estive no festival de folclore mais importante da Madeira, nesse ano em S. Martinho do Funchal, e fiquei impressionado com os meios disponíveis (desde câmaras de televisão a aparelhagem sonora da melhor qualidade), os trajes vistosos (embora de qualidade etnográfica discutível), as danças muito bem representadas, muito boa iluminação, etc. Contudo a riqueza musical não estava presente.
Explico: os grupo tocavam quase sempre os mesmos temas, o acordeão sobrepunha-se a todo o resto (rajões, braguinhas, violas de arame, etc.), os bombos tocavam à balda. Pareciam-se com qualquer grupo folclórico fraco do continente.
Felizmente que o nosso grupo anfitrião (do Caniçal) detinha uma qualidade muito acima da média, pese embora alguns dos defeitos já mencionados.
Obtive duas cassettes VHS dos festivais anteriores e verifiquei que essa era regra.

Aparece-me agora este grupo ENCONTROS DA EIRA (musica da Madeira), num CD facilitado pelo meu amigo Guilherme e eu resolvo ouvi-lo com reservas.
Desde o princípio se nota porque foi o disco mais vendido de um grupo madeirense.
Este trabalho é bom, muito bom e próximo de excelente. Os defeitos já mencionados não existem aqui. O equilíbrio dos instrumentos é bom, musicalmente irrepreensível (não há acordes nem notas fora do sítio), todos os instrumentos bem tocados, vozes afinadas, orquestração muito boa e um ponto importante: usam-se instrumentos tradicionais e aonde se usam os clássicos, tocam-se do jeito tradicional.

Isto é um trabalho exemplar. Do melhor da música Portuguesa (não só da Madeira). Os temas não são os do costume, houve preocupação de divulgar cantigas diferentes, com muito bons arranjos, do ponto de vista musical.

Não sou a melhor autoridade em tradições da Madeira, mas se todos os temas são tradicionais, podemos dizer que se escreveu o primeiro livro do velho testamento da música madeirense.

Vão até ao site encontros da eira ou escrevam encontros da eira no google. Descarreguem os mp3, oiçam-nos e digam-nos se concordam. A seguir, se gostaram, procurem o CD (a música de instrumentos acústicos em mp3 perdem muita qualidade).


Ass. avô mokka

quinta-feira, junho 23, 2005

O Fórum do Avô Mokka - Vale tudo

Bem vindos a este bonito recanto da Net.

Estando este blog ao serviço dos Estúdios Mokka, uma instituição de utilidade pública, sem fins lucrativos ou comerciais, localizada em local incerto entre Douro e Vouga, destina-se a discutir os assuntos mais variados e exotéricos que os nossos estimados leitores desejem inserir.

Eu, como sou músico, gostaria de propor aos nossos leitores, uma pequena visita à página dos Estúdios Mokka, a partir da qual se pode aceder a alguns artigos de interesse, todos da autoria do mui douto filósofo Avô Mokka.
Digam-nos o que pensam desta página ou dos artigos que contém e prometo ir aqui acrescentando alguns temas de profundo significado filosófico para gáudio dos nossos leitores.

http://estudiosmokka.pt.vu